João Ferreira apontou um caminho para que esta situação seja revertida e que os fregueses de Santa Clara e os munícipes de Lisboa tenham uma cidade e uma freguesia melhores: o reforço da CDU nestas eleições. Sublinhou também a grande qualidade da lista que é apresentada pela coligação em Santa Clara.
A apresentação da lista da CDU à Junta de Freguesia de Santa Clara foi feita no parque com o mesmo nome. Uma escolha simbólica que foi justificada pelo candidato da CDU à presidência da junta, Bruno Rôlo, como exemplo de uma área muito intervencionada mas com problemas.
“Há muitos lugares nesta freguesia que mereciam que estivéssemos hoje a fazer esta celebração e fica desde já o compromisso que a nossa candidatura irá percorrer todos os bairros da freguesia. A escolha do jardim é simbólica porque sendo esta zona criticada, com razão, por ter sido privilegiada pela CML e pelo executivo da junta, com muitas intervenções, algumas delas desnecessárias, verifica-se que não é por esta área ter sido muito intervencionada que não tem problemas”, afirmou Bruno Rôlo.
O candidato sublinhou que a lista que a CDU apresenta é uma equipa renovada em que os jovens ganham lugares de responsabilidade e em que a ligação às populações e o conhecimento de todos os bairros e ruas da freguesia é um elemento fundamental. “A CDU defende uma política de proximidade em permanente contacto com as populações. Os autarcas desta freguesia não se vêem na rua, principalmente aqueles com responsabilidades de executivo. Não é assim que se gere freguesias do tamanho de Santa Clara”, disse.
Foi esse conhecimento, que levou a CDU a contestar a reforma administrativa que fundiu freguesias apressadamente e de uma forma eleitoralista. “As coisas não melhoraram, como todas aquelas falácias de que se ia poupar dinheiro ao erário público e que são mentira. Gasta-se muito dinheiro mal gasto e a gestão está cada vez mais distante das populações ao contrário do que nós defendemos”, denunciou.
Para o cabeça de lista da CDU, só o conhecimento profundo da realidade de Santa Clara e a capacidade de ouvir as populações e de mobilizar as pessoas para a defesa dos seus direitos pode solucionar problemas que há muitos anos esperam por ser resolvidos.
Numa intervenção de cerca de 20 minutos, e perante uma plateia animada de mais de uma centena de apoiantes da CDU, Bruno Rôlo enumerou problemas, mostrou soluções e sublinhou lutas e reivindicações das populações em áreas tão diversas como o ensino, os transportes, a segurança e a saúde.
Mais escolas e menos obras de fachada
Problemas que existem mesmo nas áreas mais nobres da freguesia. “Estamos aqui na área que é considerada nobre da freguesia, no entanto a escola que está a 100 metros, a Eurico Gonçalves, há vários anos que tem um projecto de obras. É talvez a escola primária da freguesia que tem mais necessidade de intervenção. É uma escola básica do primeiro ciclo de responsabilidade camarária, tem projecto aprovado há muitos anos, mas como Santa Clara e a educação não são prioridades para a Câmara Municipal de Lisboa (CML), esta escola continua à espera que algum dia se lembre que a educação é para todos, que tem de ser inclusiva e de qualidade. O dinheiro que se gastou em passeios em mármore com 50 metros, podia ter sido gasto nas escolas que tinha sido muito mais bem gasto”, defendeu.
Bruno Rôlo aproveitou para lembrar que mesmo no centro da freguesia os moradores tinham feito inúmeras denúncias sobre falta de segurança e que o executivo da junta em vez de trabalhar com as autoridades para resolver este problema, estava mais preocupada em multar as pessoas que iam ao jardim sem levar os cães pela trela do que colmatar estas carências sentidas pelas populações.
O cabeça de lista da CDU lembrou a importância da ligação da freguesia ao metropolitano, e a oposição da CDU à aposta da CML numa linha circular, nas zonas com mais turismo, em detrimento da Linha Amarela que até agora liga a freguesia ao centro da cidade. Acrescentando que esse não é o único problema de mobilidade, há muito que muitas zonas da freguesia não contam com transportes públicos de qualidade. “Vamos ficar muito prejudicados porque deixamos de ter uma ligação directa ao centro da cidade. Mas há muitos mais problemas, há vários bairros desta freguesia que não têm um transporte público que faça uma ligação directa dos bairros ao metro. Por exemplo, a zona da Torrinha não tem um transporte que ligue ao metro. Os transportes públicos não têm sido pensados tendo em conta os interesses da população”, sustentou.
Na área da mobilidade, como noutras, o que se verifica é o desinteresse da CML pelas necessidades dos fregueses de Santa Clara e as poucas melhorias conseguidas resultam da acção dos eleitos da CDU e da luta das populações. “Houve grandes lutas encabeçadas pela CDU quando se cortaram carreiras e o número de autocarros nesta freguesia. Os problemas agora estão a ser minimizados pela CML com as chamadas carreiras de bairro, que como se percebe não foram uma oferta, mas o resultado da imensa pressão das populações. Mas nem assim estas necessidades de transporte foram resolvidas, apenas estão remediadas. Nós não nos sentimos capazes de ficar parados com uma freguesia de ‘remediados’. Nós queremos o que é nosso por direito”, reclamou.
Bruno Rôlo lembrou que demorou mais de 30 anos para que fosse construído um centro de saúde na Alta de Lisboa, uma reivindicação das populações com décadas que só agora teve resposta.
A CDU contestou em Santa Clara, como nas outras freguesias da cidade, a passagem das responsabilidades, com a limpeza e a higiene urbana, da CML para as freguesias. Afirmando que a falta de meios e economia de escala e a ausência de preparação para esta tarefa iria prejudicar as populações. “A limpeza e higiene urbana não melhoraram com a passagem da CML para as freguesias. Aqui na freguesia, tirando perto do prédio da senhora presidente da junta em que a limpeza é diária, todo o resto da freguesia reclama, afirmando que a situação não está melhor”, afirmou.
Finalmente, o cabeça de lista da CDU a Santa Clara recordou que há décadas que estão por resolver os problemas das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI). “A lei das AUGI foi aprovada em 2005, no mandato do Santana Lopes, estamos em 2021 e a freguesia de Santa Clara é a freguesia que tem mais AUGI em Lisboa. Tem mais AUGI a freguesia de Santa Clara que o resto de Lisboa toda junta. Ao fim deste tempo, não há uma única AUGI que esteja resolvida na freguesia. Em quatro mandatos autárquicos nada foi resolvido. Não é por falta de vontade das populações, dos proprietários e das suas associações que o problema não é solucionado. É por falta de vontade política da CML. Foi esta que decidiu, em 2005, já com 40 anos de atraso que tinha que resolver este problema, mas passados mais de 15 anos ainda não o fez”, acusou.
Conhecer para transformar
Na intervenção final da apresentação, João Ferreira, candidato da CDU à presidência da CML, denunciou a falta de interesse que o poder político lisboeta tem tido em relação às populações de Santa Clara. “A situação em que a freguesia se encontra não resulta apenas da falta de vontade e capacidade dos que actualmente estão no executivo da junta, mas resulta também do executivo da CML que sempre teve a freguesia de Santa Clara lá muito no fundo das suas preocupações e prioridades. Esta freguesia foi sempre esquecida, por quem há 20 anos tem responsabilidades na câmara”, acusou.
João Ferreira apontou um caminho para que esta situação seja revertida e que os fregueses de Santa Clara e os munícipes de Lisboa tenham uma cidade e uma freguesia melhores: o reforço da CDU nestas eleições. Sublinhou também a grande qualidade da lista que é apresentada pela coligação em Santa Clara.
“Ouvindo o Brunol Rôlo, o nosso candidato à presidência da Junta de Freguesia de Santa Clara, ficamos todos com uma certeza: que Santa Clara pode ser transformada numa freguesia em que haja melhores condições de vida, em que seja possível usufruir melhor do espaço público, ter espaços verdes melhor geridos, melhores passeios, melhores condições de mobilidade, melhores serviços públicos. Tudo isto é possível. Agora para transformar é preciso conhecer e ficou evidente que não há ninguém que conheça melhor esta freguesia que os candidatos que aqui foram apresentados e em especial o primeiro candidato, o Bruno Rôlo, até pelas responsabilidades que já teve. São muitos anos de ligação à freguesia. São anos que a CDU exerceu a responsabilidade do governo da freguesia e isso dá-nos as condições para, a partir da freguesia, a transformar numa freguesia melhor”, concluiu.