“Há dez anos muita gente falava de reabilitação como uma coisa boa, que vinha com financiamento, para concretizar tudo o que a cidade precisava. O resultado que temos agora é a reabilitação de edifícios e uma maior gentrificação da cidade. O PDM de Lisboa, de 2012, diz que ao Estado cabe a reabilitação do espaço público e ao privado a reabilitação do edificado – e vejam o que resultou disto. Rever o PDM é um objectivo da CDU neste mandato. E tem que ter uma ideia de participação incorporada desde o seu início e uma ideia de reabilitação muito diferente. Queremos um PDM participado, ouvindo especialistas, movimentos que protagonizaram lutas urbanas e os munícipes. A reabilitação que nós preconizamos dá voz a quem muitas vezes é tornado invisível nas questões da cidade.”, assim concluía a vereadora do PCP e candidata Ana Jara, o debate sobre espaço público e direito à cidade, promovido pela CDU.
O debate realizado no Largo do Intendente, teve a assistência de dezenas de especialistas e activistas na defesa do espaço público. Participaram na conversa vários movimentos como o Libertem o Adamastor e o Movimento do Jardim do Caracol da Pena, e vários activistas e investigadores: Patrícia Santos Pedrosa, Carolina Carneiro, Susana Domingues Gaspar, Simone Tulumello, Nuno Rodrigues, Madalena Lobo Antunes, Jorge Gonçalves, Luís Mendes, Tiago Mota Saraiva, Rita Cruz e Anna Almeida, candidata da CDU à presidência da Junta de Freguesia de Arroios; para além dos vereadores do PCP, Ana Jara e João Ferreira.
Os vários contributos abordaram o direito ao espaço público; a diferença entre um espaço público construído democraticamente com a participação das pessoas e aberto a todos e um espaço formalmente reabilitado pelos poderes públicos que serve apenas para aumentar as mais valias dos especuladores privados; foram historiados vários conflitos em Lisboa em relação à apropriação privada do espaço público e a resposta dos movimentos sociais e população; foi discutida a necessidade de construir espaço público que não exclua grupos sociais.
Na sua intervenção final, João Ferreira, candidato da CDU à presidência da CML, deixou um desafio de continuar nas urnas, e para além delas, as redes e confluências de gente diversa na defesa do espaço público.
“A CDU tem dois vereadores; foram essas duas vozes que se elevaram em permanência na defesa do espaço público. No caso do Martim Moniz, do Miradouro do Adamastor, da Tapada das Necessidades e do Jardim do Caracol da Pena levámos sempre as lutas dos moradores e activistas para as reuniões da CML. Queria pedir-vos que encarem este momento de debate que passamos aqui, mais do que como um momento de reflexão, como um momento de afirmação. Um momento de afirmação conjunta a partir de perspectivas diversas sobre a cidade mas que não deixa de ser um momento de afirmação de princípios de construção de cidade, em que o espaço público é pensado democraticamente, alargando as condições de fruição para todas as pessoas.”