Feira da Ladra. A CDU em diálogo com os feirantes defende o património da cidade

“É um escândalo, apreenderam os poucos haveres de um homem com mais de 70 anos, que vinha aqui ganhar uns dinheiros para complementar uma reforma de 280 euros”, queixa-se um feirante a João Ferreira, candidato à presidência da CDU à Câmara Municipal de Lisboa, denunciando uma situação em se dificulta ao máximo a obtenção de uma licença aos vendedores eventuais, ao mesmo tempo que se torna mais dura a fiscalização nos terrenos da feira. 

A Feira da Ladra tem mais de 140 anos. A pressão imobiliária, a pandemia e uma política cada vez mais burocrática da Câmara Municipal de Lisboa têm colocado em risco este elemento do património da cidade e modo de vida de muitas dezenas de pessoas. 

A gentrificação não expulsou apenas dezenas de milhares de lisboetas desta zona da cidade, mas ameaça destruir a Feira da Ladra. A futura construção de mais um Hotel de Luxo, no edifício do antigo Hospital da Marinha, restringiu drasticamente os lugares existentes na parte baixa do certame. 

Ao longo do mandato a CDU apresentou várias ideias para defender este património único, sempre escutando os municipes e os feirantes. 

Este processo teve novas concretizações nos últimos meses: a CDU falou com os feirantes, no início de Junho, para elaborar um conjunto de propostas articuladas e globais para defender a feira. Durante mais de duas horas, os vereadores do PCP João Ferreira e Ana Jara, e outros eleitos da coligação, escutaram as queixas e propostas dos feirantes.  

A meio de Julho, João Ferreira e outros eleitos da CDU voltaram à feira para ouvirem de novo os feirantes sobre o conjunto de propostas, elaboradas com base na visita anterior, que iriam ser apresentadas à reunião da CML. 

Nesse novo diálogo, as propostas foram enriquecidas, com novas ideias sobre a circulação e o estacionamento no recinto da Feira da Ladra. 

No fim do mês de Julho, as propostas do PCP foram discutidas em reunião da CML a aprovadas. 

Concretamente, entre outras coisas, foi aprovado:

– Proceder à implementação das medidas necessárias para assegurar a continuidade da Feira da Ladra, mantendo a sua tradição e funcionamento nos mesmos moldes e no território que actualmente ocupa;

– Iniciar-se o processo de novos concursos de licenças da feira, de forma a acompanhar o processo de desconfinamento em curso;

– Reabertura da aquisição de licenças de vendedores ocasionais (as chamadas licenças extraordinárias), simplificando o acesso às mesmas, ou por via digital, ou no próprio espaço da feira ou na junta de Freguesia de São Vicente (com o acordo desta), ou outras soluções que se afigurem viáveis para facilitar o acesso à feira e revertendo as dificuldades que progressivamente foram afastando os vendedores ocasionais nos últimos anos;

– Melhorar o acesso a casas de banho públicas, por parte dos feirantes e dos visitantes;

– Melhorar as condições de tomada e largada de passageiros no entorno da feira, incluindo para táxis e veículos de animação turística.

 

 

Divulga e partilha